25 de abr. de 2008

Violência Juvenil e a Falta de Brincar na Infância

Em uma de nossas aulas discutimos sobre a relação da violência infantil com a falta de brincar na infância. Vocês concordam que as crianças hoje não tem espaço para criar brincadeiras que expressem suas emoções?
Coloquei aqui um artigo que achei interessante:

AS BRINCADEIRAS DAS CRIANÇAS EM SÃO PAULO
Revista e nº 4 - set 1997 - ano 4 - SESC

A noite cai mansa em São Paulo. O orvalho frio e a névoa garoenta dão uma ligeira trégua às crianças que, aproveitando-se da benesse meteorológica, invadem entusiasmadas as ruas do centro. A luz tênue do lampião, que acaba de ser aceso, ilumina languidamente as bolinhas de gude, o pião e as bonecas. E a última réstia de sol concede que meninos e meninas terminem o esconde-esconde, a cabra-cega, a barra-manteiga e unha-na-mula, antes de entrarem para o jantar.
Na modesta metrópole do começo do século, as ruas eram livres, a violência menor e a poluição praticamente inexistia. A cidade do sr. Antônio, da dona Alice e do sr. Ariosto, nascidos entre 1897 e 1906, cujos depoimentos extraídos do livro O Direito de Brincar: A Brinquedoteca, reunião de artigos de diversos pesquisadores, vêm a seguir, recebia as crianças de braços abertos, serenamente. Nos logradouros, as brincadeiras corriam soltas e desimpedidas.
"Não tivemos brinquedos, fazíamos papagaios, os quadrados, para empinar no Morro dos Ingleses (...) Vivina pulou corda como ninguém imagina: corda simples, de dois, passeio na corda, duas meninas entrando de cada lado (...)" (sr. Antônio)
"A rua Conselheiro Nébias era uma maravilha porque a gente brincava de amarelinha, pegador, lenço-atrás, podia atravessar a rua correndo, ficava à vontade. De noite podia ficar até as oito brincando ali na calçada (...)" (dona Alice)
"Naquela época não existiam brinquedos... Eu fazia carrinhos com rodas de carretel de linha e nós brincávamos o dia todo, livremente. Nunca me machuquei porque na rua não tinha carros (...)" (sr. Ariosto)
A nostalgia das palavras desses paulistanos de outra época obriga-nos a refletir sobre a infância de hoje, na mesma cidade, mas que há muito deixou o romantismo para trás. Não se encontram mais terrenos baldios, nem ruas calmas e são raros os brinquedos fabricados por mãos ávidas e curiosas. O desenvolvimento tecnológico, o aumento desenfreado da violência, além da diminuição sensível dos espaços físicos disponíveis, mudaram a forma da brincadeira. Os pequeninos tiveram de adaptar os quase extintos locais amplos ao confinamento dos prédios, às escolas, aos clubes e às instituições que ainda abrem as portas para o extravasamento infantil.
Diante dos empecilhos inerentes à modernidade, surge uma pergunta inevitável. Como as crianças brincam em meio a tantos obstáculos presentes em São Paulo? A brincadeira de hoje é pior do que em tempos idos? Dessas questões decorrem outras igualmente intrigantes. O trabalho infantil, a pobreza e a falta de tempo livre, que sufoca o lazer espontâneo, são alguns dos fardos que desabam sobre a tumultuada infância dos dias recentes.
Por Que Brincar?
No contexto moderno, a brincadeira deve ser compreendida como uma necessidade infantil. Um cuidado em torno de quem prescinde de responsabilidades que a idade avançada demanda. "A brincadeira é uma linguagem simbólica que transforma determinada atividade em função de diferentes momentos históricos e contextos culturais", explica a doutora em educação e coordenadora dos referenciais curriculares para educação infantil do MEC, Gisela Wajskop. Há alguns séculos, contudo, a concepção era inversa. Exigia-se das crianças uma postura muito próxima da realidade dos adultos. Desde a pouca idade eram treinadas para exercer atribuições próprias dos mais velhos: obrigavam-nas a agir como meras reproduções dos pais e das mães. Em última análise, desconsiderava-se a criança como um indivíduo especial, com desejos e virtudes diferenciadas. Elas tinham as necessidades equiparadas, indistintamente, às vontades dos adultos. As brincadeiras, enfim, reproduziam quase sempre os interesses estranhos a realidade infantil. A infância despreocupada e solerte, como a conhecemos hoje, é um fenômeno posterior e, tem no brincar, fator intrínseco e essencial.
Segundo Gisela, a brincadeira não é uma atitude inata da criança, mas sim"uma atividade sociocultural, tipicamente humana, ensinada pelo adulto ou repassada pelas crianças de mais idade." Conclui-se, portanto, que a nostalgia em torno da brincadeira é falsa. "As necessidades das crianças do começo do século eram diferentes daquelas das de hoje. Pode-se dizer que as informações que elas tinham eram bem mais pobres que as informações apreendidas do mundo adulto atualmente, já que o contato entre os dois universos é maior, através da tecnologia, das comunicações mais avançadas etc. O mundo hoje é bem maior do que era em outros tempos."
Dessa forma, não há como proferir juízos de valor sopesando a qualidade das brincadeiras de antigamente e as de hoje. Na verdade, a forma de diversão se transformou, mas a essência e o significado dos atos permanecem inalterados. Correr, pular e esconder, há muito tempo, permeiam toda e qualquer atividade lúdica. É certo que há alguns anos havia mais espaço e menos violência, mas, hoje, a possibilidade de se brincar com computador, com a televisão e com brinquedos eletrônicos incrementa o cotidiano infantil. "O importante é dar liberdade à criança para brincar livremente, inventando as próprias regras, escolhendo os próprios parceiros", ressalta Gisela
"Eu Brinco no Sesc, Ué!"
Partindo do princípio de que brincar é essencial para o desenvolvimento sadio do ser humano, as crianças, mesmo em uma cidade limitadora como São Paulo, encontraram alguns nichos onde conseguem perpetrar essa necessidade. Se as ruas são inóspitas, os edifícios são acolhedores. Como os parques são irrisórios, a escola, em tese, deveria compensá-los. Da mesma forma os terrenos baldios, abundantes em outros tempos, encontram em instituições privadas substitutos à altura.
Esse é o caso do Sesc. Seja nas brinquedotecas, ou nas unidades campestres, as crianças contam com uma oportunidade única. É emocionante a expressão de alegria nos olhinhos eufóricos quando elas se deparam com os brinquedos da ludoteca do Sesc Pompéia ou quando fabricam com as próprias mãos o desejado objeto de prazer.
Durante o mês de julho, o Projeto Curumim do Sesc Carmo desenvolveu um programa especial para as férias, o Invenções, Engenhocas e Companhia. Foi um sucesso. A atividade, aberta a toda comunidade, atraiu inúmeras crainças. "Algumas passavam o dia inteiro aqui. Chegavam de manhã cedo e só saíam quando a unidade fechava", diz Helena Aires, instrutora do projeto.
Os primos José Edson, de 9 anos, e Taís, de 7, comprovam a observação de Helena. Toda as manhãs de julho, saíam de casa, na Baixada do Glicério, e seguiam a pé para o Sesc Carmo. Lá, divertiam-se com a exposição montada pelas próprias crianças do Projeto Curumim, além de frequentar o ateliê de montagem de brinquedos, o teatro e a exibição de vídeo. Em casa, os dois têm pouca chance de brincar. Dividem um pequeno imóvel com mais seis pessoas. Para Edson e Taís, o Sesc é uma das únicas alternativas de lazer da região, já que, além de poderem usufruir de espaço adequado, contam com o carinho dos técnicos, especializados em animação lúdica. Indagado sobre onde costuma brincar, Edson respondeu de pronto: "No Sesc, ué!" O exemplo dos primos reflete a filosofia da entidade na importante função de estimular a criatividade que floresce em idade adulta, mas germina nas brincadeiras. O técnico do Sesc, Valter Vicente Sales, reproduz as idéias da instituição: "Os princípios que nós perseguimos são a sociabilização, o desenvolvimento físico e o incentivo à aventura. Dessa forma, nós apresentamos duas frentes de trabalho: os equipamentos auto-animados e os técnicos, chamados de animadores lúdicos." As brinquedotecas subsidiam a criança, emprestando-lhe os instrumentos para enriquecer as brincadeiras. "Nelas, questionamos os valores comerciais dos brinquedos. Assim, não privilegiamos nenhum tipo. Abrimos às crianças a possibilidade de experimentar todos, desde os mais simples até os complexos."
A segunda iniciativa do Sesc utiliza a orientação do animador. Sem definir regras, o técnico coordena a brincadeira e auxilia os pequenos a utilizar toda a capacidade criadora. "Isso é muito complicado, porque o técnico não pode nunca ser o centro de referência. Ele não traz fórmulas sozinho, mas compartilha com as crianças a orientação do que fazer. O animador não é líder do grupo, porém faz parte dele", salienta Valter. No entanto, é muito raro, hoje em dia, encontrar uma orientação educacional despoluída de autoritarismo. A concepção ideológica que balizou o sistema educativo brasileiro privilegiou a ocupação do tempo livre infantil com atividades dirigidas. À brincadeira estampou-se o rótulo de perda de tempo quando, na verdade, brincar é estágio imprescindível na vida das crianças.
Nos Prédios Também se Brinca
Embora esquecidos por muitos pesquisadores, os edifícios e condomínios abrigam verdadeiras gangues mirins. Uns em maior grau, outros em menor compõem um espaço seguro para as brincadeiras. É verdade que muitos deles, no entanto, estabelecem regras de conduta excessivas que cessam o melhor da festa. Wagner Valença, de 20 anos, faz parte de uma geração limítrofe. Brincou com jogos tradicionais, mas viveu a inovação tecnológica dos brinquedos. Em sua primeira infância entretia-se com carrinhos e bonecos, depois maravilhou-se com os primeiros videogames. Apesar disso, conta que sempre brincou de pega-pega, esconde-esconde, futebol e polícia e ladrão.
O Condomínio Edifício Leblon, onde morou a partir dos 9 anos, tolerava (consideradas as inevitáveis rusgas entre as gerações) que a turma de cerca de 15 crianças, entre meninos e meninas, brincasse sem grandes empecilhos. "Às vezes surgiam alguns problemas, mas nada muito sério. Apenas alguns vidros quebrados e reclamações dos vizinhos." Wagner recorda que, embora não sendo totalmente adequado para comportamentos mais arrojados, brincava diariamente no pátio do edifício. "O prédio tem piscina e nós nadávamos bastante. Além disso, sempre frequentávamos as casas de um e de outro. Era bem divertido", recorda.
Wagner confessa que, de vez em quando, a algazarra excedia o razoável e um ou outro garoto extrapolava a ingenuidade pueril. "Alguns exageravam e provocavam deliberadamente os vizinhos." Ele relembra com saudades os personagens que fizeram sua infância: "Tinha o zelador nervoso, o 'seu' Geraldo e uma moradora que apelidamos de 'Porquinha'. A figura do porteiro ranzinza era estigmatizada. "Ele era um senhor ranheta que nos fazia cumprir o horário regrado. Às 22h, dava-se o toque de recolher, apagavam-se as luzes do prédio e cada um ia para sua casa, pelo menos em tese."
Um episódio relembrado com muitos risos foi o então batizado de "A Revolta dos Skates". Em uma determinada época proibiram a molecada de andar de skate nas dependências do edifício. "Seria como se hoje em dia proibissem o patins in line", diz. Como o skate estava em voga, todos decidiram descer para o térreo brandindo o instrumento libertador para romper os grilhões do autoritarismo, vigente na convenção do condomínio. Wagner se lembra de cerca de dez meninos fazendo uma arruaça terrível pelas escadas de incêndio. "Chegamos no pátio e, berrando, segurando cartazes e proferindo palavrões, reclamamos pela volta dos skates no prédio."
Resultado: todos levaram multa. Alguns pais desceram irados e abafaram a rebelião pela orelha dos filhos. E o skate? Ficou devidamente conjurado até que a moda se encarregasse de enterrá-lo de vez.
Alguns anos depois, Wagner se mudou do prédio para este ano retornar ao Leblon. "Muita coisa mudou. Hoje, quase todas aquelas pessoas ainda moram lá, mas a distância ficou enorme. E mesmo a garotada atual é mais nova e não faz tanta bagunça", constata.
Wagner viveu a infância em uma época de transição. Ao garoto ainda autorizava-se sair despreocupado pelas ruas, mas a ameaça da violência crescia cada dia mais feroz. Hoje, vários prédios consentem que suas crianças brinquem à vontade, respeitando-lhes o espaço e até integrado-as à vida coletiva do condomínio. No entanto, alguns edifícios tolhem essa possibilidade e forçam, tacitamente, as crianças a passar o tempo livre abafadas pelos apartamentos.
Para elas, um dos únicos momentos em que ameniza-se a interferência das regras de conduta é a hora do recreio nas escolas. Durante os curtos minutos de intervalo entre as aulas, os alunos transpiram a energia acumulada em diversas brincadeiras que mudam de acordo com o contexto e a época. Essa prática, comum em todos os colégios, ajuda a revelar as realidades antagônicas que marcam a cidade.
EMPG Carlos Rocha e Colégio Santa Cruz
Em ambas as escolas, os estudantes têm idades equivalentes e cursam o primário. As semelhanças, no entanto, param por aí. Uma fica no Jd. Miriam, bairro ermo e perigoso na zona sul de São Paulo. A outra situa-se nos Altos de Pinheiros, área arborizada com baixíssimos índices de violência.
Os estudantes do Colégio Santa Cruz convivem com a sombria ameaça de assaltos e sequestros, riscos iminentes a pessoas abastadas. Os alunos da EMPG Carlos Augusto Queiroz Rocha convivem com um difícil cotidiano traçado pelos traficantes das favelas próximas que, inclusive, estabeleceram um toque de recolher, soado no começo da noite.
Na Carlos Rocha, há três períodos de recreios subsequentes, com 15 minutos cada um, divididos pelos 440 alunos de cada turno. O primeiro intervalo para as crianças da 1a e 2a séries é repartido em dois momentos. Em cinco minutos, elas comem o lanche fornecido pela escola, normalmente bolachas e todinho. Segundo a diretora Terezinha de Jesus Garcia, a escola costumava servir almoço, mas a falta de funcionários interrompeu o serviço. "Nós devíamos ter 12 agentes escolares, mas contamos com apenas seis", lamenta.
Nos 10 minutos seguintes, cerca de 120 alunos compartilham um espaço de 120 metros quadrados, onde, sem alternativas, correm, escorregam no chão e simulam lutas. A escola não fornece brinquedos e as crianças não os trazem de casa. Para aliviar a energia comprimida, correm de um lado para outro da área de cimento liso como moléculas de água em combustão. Simplesmente não param.
A gritaria renitente esconde a torpeza da vida que levam. Sem muitas perspectivas de futuro, mesmo na escola são reprimidas pelos limites físicos impostos pela violência: não podem sair para a quadra esportiva por causa dos tiroteios e dos horários não-compatíveis. Em casa, dividem o espaço com várias pessoas, mães e pais preocupados não permitem que saiam às rua. Os depoimentos coincidem. "Minha rua é pouco movimentada, mas não posso sair", conta Ana Paula Cavalcanti, simpática aluna da 4a série. Comportamento idêntico verifica-se com Douglas, Carley, Daiane, Illian e a maioria dos alunos.
No Santa Cruz, o recreio é mais extenso. Dura 25 minutos. O colégio não oferece lanche, mas há uma cantina nos moldes das lanchonetes fast food. Há também o empréstimo de brinquedos, como bolas, elásticos, mesa de pingue-pongue e jogos de tabuleiro. As crianças aproveitam muito bem o espaço disponível. Amplos jardins, quadras e campos são tomados pelas crianças aparentemente de forma mais organizada que no Colégio Municipal. Além disso, muitas delas trazem brinquedos de casa, como o virtual tamagushi, um aparelho eletrônico que simula as sensações de um bichinho de estimação.
Apesar de tantas disparidades, uma outra semelhança aproxima o Santa Cruz da Carlos Rocha. Assim como no Jd. Miriam, as crianças não saem para a rua e aproveitam o tempo livre em cursos extracurriculares, como inglês, natação e judô. Em casa, é claro, têm brinquedos mais caros e sofisticados, além de usufruir uma área mais ampla. Contudo, o medo da violência também paira nos lares do Alto de Pinheiros.
Seja qual for o ambiente, os brinquedos e jogos tradicionais foram relegados pelas crianças. Pião, carrinho de rolimã, cabra-cega e tantas outras brincadeiras que povoaram os dias de pais e avôs foram substituídas por outros mais dinâmicas e caras. Os educadores entendem que o certo seria apresentar às crianças uma mescla de estilos - oferecer o novo e o tradicional - mas, sobretudo, permitir aos pequenos que aproveitem ao máximo o tempo livre que têm para brincar, sem limites, nem barreiras.



4 de abr. de 2008

De que as crianças estão brincando nos arredores da sua casa?

Em nosso último encontro cada aluna trouxe um depoimento contando sobre o que as crianças de sua rua e ou bairro andam brincando. Foi solicitado que dessem uma volta em seu bairro e anotassem tudo que vissem com relação às crianças e as brincadeiras assim como a maneira que perceberam as crianças. Socializamos em sala de aula e demos muitas gargalhadas lembrando do que brincamos, assim como também nos entristessemos com algumas histórias que escutamos. Estamos escrevendo o que vimos e em breve vamos colocar nossos depoimentos aqui. Aguardem!

Origami de sapo

1. Pegue um papel retangular colorido.
2. Dobre o papel como mostra a figura. Depois, desdobre e faça a mesma coisa do outro lado.
3. Faça um vinco dobrando o triângulo ao meio.
4. Dobre para trás, fazendo um vinco no meio das diagonais.







5. Abra o papel todo, deixando todos os vincos à vista. Veja se os seus vincos ficaram como mostra a figura.
6. Dobre as partes como mostrado ao lado.
7. Vire as pontas laterais do triângulo para cima.
8. Feche a aba de baixo dobrando-a para dentro.







9. Faça a mesma coisa com a outra aba.
10. Dobre a parte de baixo, alinhando com a ponta do triângulo.
11. Vinque a parte de baixo do retângulo na sua direção, dobrando-o.
12. Pronto! Ajeite as partes para fora, que são as patinhas do sapo. Coloque-o em cima de uma mesa bem lisa, pressione levemente as patas de trás: ele deve dar um pulinho!